O assunto da reforma previdenciária está entre os mais mencionados nesta nova fase política.
Assunto antigo, complicado de se resolver e longe de gerar consenso, o assunto foi o tema de uma entrevista recente do consultor da Confederação Nacional da Indústria e advogado trabalhista José Eduardo Pastore à CBN.
O ponto central da entrevista foi a discussão em torno da definição da idade mínima para a aposentadoria, cujas referências internacionais apontam para os 65 anos.
O que achei interessante foi a sinalização que ele faz de duas dimensões presentes no assunto: o problema previdenciário e o problema trabalhista – e da “fórmula negativa” que se dá quando esses dois problemas se encontram.
Do lado do problema previdenciário, a conta tem que fechar. Ponto.
Agora, do lado trabalhista, me parece que o endereçamento não é tão objetivo. Segundo o consultor, a partir de 40, 45 anos, o mercado de trabalho já vai ficando mais restrito em algumas áreas, para algumas atividades. Quer dizer: a pessoa se aposenta com 65 anos, mas a partir da casa 40 anos encontra dificuldades para permanecer no mercado de trabalho.
E de fato é o que vemos em nosso dia-a-dia: pessoas com experiências importantes, com maturidade e plenas condições de contribuir com as empresas, tendo dificuldade em manter-se em seus empregos ou encontrar novas colocações.
Continuando com a entrevista, José Eduardo Pastore coloca dois aspectos importantes para contornar essa questão trabalhista.
O primeiro é a qualificação da mão de obra; segundo ele, “o mercado se fecha para a mão de obra pouco qualificada, e para quem não se preocupou em entender os fenômenos da nova tecnologia”. O profissional então deve sempre se preocupar com sua qualificação, investindo tempo e energia para manter-se atualizado e qualificado.
O segundo ponto diz respeito a possibilidades de atuação profissional: ele ressalta a importância de dedicar-se a desenvolver outras atividades relativas ao “trabalho sem emprego”, como empreendedorismo, atividades autônomas, como exemplo. Eu chamo isso de definir um “plano B”.
Recebemos na Korkes & Cintra Coaching vários clientes para os processos de Coaching que estão na casa dos 40 anos – pouco menos ou pouco mais. Alguns deles repensando as carreiras que construíram até então, outros em fase de transição, buscando novo emprego ou ocupação, e outros olhando para o futuro e preparando novos passos, o plano B.
E é bem diferente a situação daqueles que se antecipam e planejam o futuro, que pensam e constroem pontes para novas atividades “pós trabalho assalariado”, e aqueles que são pegos desprevenidos – tanto financeiramente quanto em termos de planos e expectativas.
E aí, acrescento algumas questões.
De que outra forma, além da relação empregado/empregador, você pode continuar sendo produtivo, contribuindo, exercendo uma atividade que traga rendimentos e que aproveite seus talentos e habilidades, e o faça sentir-se satisfeito e pleno?
Agora, independente de idade, quantos de nós sabemos de fato quais nossos talentos? Você reconhece suas habilidades, seus pontos fortes e aspectos a desenvolver?
Que tipos de atividades o estimulam?
E o que você quer para sua vida, falando pessoal e profissionalmente? Suas metas estão claras?
Você vem construindo uma reserva financeira, uma renda passiva, que lhe permita passar por um período de transição profissional?
Conhecer-se, ter objetivos claros, saber o que quer para sua vida são os ingredientes iniciais para se preparar para o futuro. E então definir seu plano B, e traçar ações para alcançá-lo.
E nunca é cedo demais para começar.
Renata Guimarães Cintra é Coach, sócia na Korkes & Cintra Coaching e membro do ICF – International Coaching Federation.
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